Assembleia Legislativa de SP debate o Programa de Demissão Voluntária do BB

O deputado Marco Aurélio de Souza (PT) organizou, nesta segunda-feira, 30/6, audiência pública com a finalidade de debater o Programa de Demissão Voluntária do Banco do Brasil (PDV do BB), ocorrida nos anos 90. Atualmente, há três projetos de lei no Congresso Nacional cujo objetivo é reverter as demissões, mas nenhum deles foi devidamente apreciado.

Segundo o presidente da Associação dos Demitidos Voluntários do BB e ex-funcionário do banco, José Heitor Paiva, o plano de demissão voluntária aconteceu sob coação. Havia a ameaça de que se não houvesse a adesão ao plano, no futuro a demissão aconteceria por outras vias. Além disso, os benefícios prometidos pelo banco, como reemprego com auxílio do Sebrae e auxílio para aqueles que desejassem abrir seus próprios negócios, não se efetivaram. “Houve 28 suicídios”, contou Paiva, acrescentando que mais de 90% das pessoas que se demitiram não conseguiram recolocação. A esperança agora, ainda de acordo com Paiva, é que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos tome providências, a partir de denúncia feita pela Associação.

Albino Degasperi, também da Associação dos Demitidos Voluntários do BB, disse que, em 1995, 14 mil pessoas saíram do Banco do Brasil através do plano e, posteriormente, até 2002, aconteceram 50 mil demissões voluntárias. Para Degasperi, o plano de demissões voluntárias fazia parte de um projeto maior do governo de Fernando Henrique Cardoso para privatizar o Banco do Brasil. “Houve um verdadeiro terrorismo para que aderíssemos ao plano”, afirmou. A dificuldade de recolocação posterior e o fracasso na tentativa de empreendedorismo levaram aqueles que aderiram ao plano a terem dificuldades financeiras gravíssimas, as quais muitos deles enfrentam até hoje. Além disso, de acordo com Degasperi, os funcionários perderam o plano de assistência médica ou mesmo casas financiadas pelo banco, devido ao aumento das prestações.

O deputado Marco Aurélio afirmou que consideram importante provocar no legislativo paulista uma discussão sobre o assunto. “Embora a questão seja de âmbito nacional, os Legislativos têm força política para movimentar o debate sobre o problema”, concluiu.

O deputado Marco Aurélio de Souza e o ex-funcionário do BB, José Heitor Paiva.
O deputado Marco Aurélio de Souza e o ex-funcionário do BB, José Heitor Paiva.

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