Obras de acessibilidade na Câmara dos Deputados demoraram 14 anos. Prova do que não é urgente.
Em breve estarão finalizadas as obras de acessibilidade na Câmara dos Deputados. Passaram 14 anos desde sua idealização e execução de fato. Nunca entrou nas prioridades, ao contrário das emendas orçamentárias de cada Deputado, estas sim tratadas em ritmo de emergência e calamidade pública. A questão da acessibilidade sempre foi deixada para depois e empurrada com a barriga.
Se essa é a atitude da Câmara dos Deputados, em Brasília, como elite parlamentar do país, como será que estamos nos legislativos municipais quanto à acessibilidade ? Enquanto muitas poucas câmaras municipais fazem esta lição de casa, a grande parte ignora o assunto e faz de conta que ele não existe.
Afinal, o poder forte do município – as Prefeituras – também pouco investe em acessibilidade em seus prédios. Não precisa ser deficiente. Basta ter certa idade e mobilidade menor para encontrar nos prédios públicos barreiras intransponíveis e ausência de atendimento acolhedor.
Na Câmara dos Deputados há 3 parlamentares deficientes: Walter Tosta (PSD-MG), Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Rosinha da Adefal (PTdoB-AL). Precisa existir a necessidade real e imediata para o Poder Público cumprir a própria legislatição concebida em suas dependências. É um pouco absurdo, mas é a realidade. Em “casa de ferreiro, espeto de pau”.
A política partidária tem predominado no país com gula feroz. A disputa do poder sempre é o foco. E a política de valores que prioriza a educação com o próprio exemplo, estimula a tolerância, a diversidade e constrói de fato o caráter da sociedade é simplesmente ignorada.
Quem molda a sociedade são suas minorias. Como são tratadas é sinalização da sensibilidade social e de suas lideranças políticas. Por isso nossas políticas públicas e fiscalização de leis de acessibilidade em seu cumprimento são tão fracas. Moldar o caráter de nossa sociedade é secundário. Uma pena que o Legislativo – que em tese trabalha para o médio e longo prazo – tenha embarcado nessa.