Legislativos: abandonados pela população
Os legislativos municipais e estaduais ficaram encapsulados no tempo. A mercê de acordos de linha direta com o Executivo, ganharam vergonha por serem pouco proativos. Precisam inverter este jogo.
Não basta ao Legislativo mostrar que deseja ser outro e dar respostas diferentes para a sociedade moderna. É preciso parecer isso e parecer diferente.
De tão desencantada com o governismo e adesismo dos legislativos em geral ao Poder Executivo Municipal e Estadual, a população simplesmente abandonou-os. Deixou de dar importância. De esperar algo. Acostumou-se a ver ali instalado um “baixo clero” em busca de vantagens pessoais na máquina pública e no fisiologismo local. Seria um “custo” desagradável da democracia.
Não é a toa que vozes – ainda de volume baixo – passem a perguntar o porquê do Legislativo. A população só vê custos e rapidamente esquece-se de sua importância. Apenas lembra-se de votações na calada da noite, amigos e aliados em cargos, negociações de favores e votos a favor do Prefeito ou Governador.
A verdade é que o Legislativo há muito não exerce sua função de debater e formular cidades e Estados. Delegou isso. Não fez questão de conservar para si mesmo o fórum de cidadania, do pensar político e de construir uma administração pública para 20 a 50 anos. Deixou de ser acolhedor para o contraditório de formulação.
O resultado são cidades e Estados ingovernáveis, onde o Executivo fez o que queria, do jeito que queria e quando queria, sempre pensando apenas no hoje e no urgente, sem planejamento algum e sem pensar na qualidade de vida das pessoas e dos municípios.
Temos assim cidades e estados caóticos e de baixa qualidade de vida. Ruins, com poucas exceções.
A população imaginou que seria para isso que elegia vereadores e deputados. Mas não foi o que fizeram. A “velha” política usou as estruturas para seus partidos e seus próprios interesses políticos.
Fala-se então no resgate do Legislativo. Já é hora. Já passou da hora. Mas temos lideranças para isso ? Temos inspiração e motivação para isso ?
A pouca esperança surge de organizações sociais e de monitoramento público. Elas tem sido uma convergência de profissionais liberais, servidores e ativistas cuja perspectiva de vida individual depende também de inserção no público e no coletivo. São entidades com força de articulação, inteligência, conexões com a imprensa e com força de pressão.
Que sejam bem-vindos.
Sergio Daniel Lerrer
Jornalista especializado em Comunicação Pública – Publisher do Portal PRO LEGISLATIVO