DataSenado: falta de apoio dos partidos é principal obstáculo para mulheres na política

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O número de mulheres em disputa por algum cargo nas eleições gerais deste ano é quase 50% maior do que no último pleito, em 2010. Apesar disso, sete de cada dez postulantes a uma vaga nas eleições deste ano são homens. A falta de apoio dos partidos políticos é o principal motivo que leva uma mulher a não se candidatar para um cargo político, conforme constatou  Pesquisa do DataSenado divulgada nesta quinta-feira (2).

As mulheres que apontaram esse motivo somam 41% dos entrevistados. As entrevistas com 1.091 pessoas, entre homens e mulheres de todo Brasil, de 16 anos ou mais, foram feitas por telefone entre os dias 12 de agosto e 3 de setembro deste ano.

A falta de interesse por política aparece em segundo lugar (23%) e a dificuldade de concorrer com homens, em terceiro (19%), entre os motivos que restringem a participação da mulher na política. Os dados do DataSenado revelam que não são os afazeres domésticos e as responsabilidades com a família que têm afastado as brasileiras das câmaras municipais, assembleias e do Congresso Nacional. Esses motivos são pouco citados, ficando com apenas 5% e 6% das respostas, respectivamente.

– A própria falta de interesse por política, apontada como a segunda principal causa, pode ser decorrente de outros fatores. Não é por falta de interesse, elas demonstram interesse, que é um pouco mais baixo do que dos homens, mas é considerável.  A grande barreira para a participação está dentro da política partidária – ponderou o assessor especial da Secretaria de Transparência do Senado Thiago Cortez.

Preferência por votar em mulher

A pesquisa, intitulada A Representação da Mulher na Política Brasileira (a primeira do gênero realizada no país), revelou também que os brasileiros não decidem o voto baseado em gênero. Para 83% dos entrevistados, na hora de escolher alguém para votar, o sexo do candidato não faz diferença. Para reforçar que não levam em conta o gênero, 79% alegam já ter votado em alguma mulher para ocupar um cargo político. A eleição em 2010 da presidente Dilma Rousseff contribuiu para influenciar os eleitores a votarem em mais mulheres conforme a pesquisa. Foi o que afirmaram 65% dos entrevistados.

Entre aqueles que consideram que o gênero é determinante nessa escolha (um total de 12% dos entrevistados) 49% disseram que preferem votar em mulheres; 38% em homens.

– Da parte do eleitorado não há qualquer impedimento, qualquer restrição, à participação das mulheres na política. O eleitorado não apenas está disposto a votar em mais mulheres como ele não considera o sexo na hora de optar. Muitos indícios, aliás, dizem que quando há predileção, a predileção é inclusive por mulheres – observou Cortez.

O levantamento, que contou com o apoio da Procuradoria Especial da Mulher, tem margem de erro de três pontos percentuais e confiabilidade de 95%. Isso significa dizer que se a pesquisa for repetida 100 vezes, em 95 delas os resultados estarão dentro da variação de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo a consultora legislativa Maria da Conceição Lima Alves, a pesquisa do DataSenado reforça a tese da Procuradoria da Mulher do Senado de que a legislação em vigor tem sido insuficiente para garantir uma participação mais igualitária da mulher na política.

– Os partidos precisam ser cobrados pelo fortalecimento das candidaturas de mulheres. A pesquisa confirmou a existência de  um fator inibidor dentro dos partidos a essas candidaturas – observou a consultora.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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